Queimo ervas, toco maracá, bato tambor, dobro meus joelhos, medito, danço, ponho meu pé no chão, deito na grama, falo com a Lua, acendo vela e incenso, discuto a relação com o divino, brigo, agradeço, me encanto, vejo milagre em pequenas coisas, canto, choro, silencio, brinco, uso ervas para me banhar e me curar, faço massagem, leio, concordo, discordo, rio, fecho os olhos quando sinto a brisa no rosto, me deixo levar por músicas inspiradas, viajo nos raios de Sol.
Alguém vai me dizer que eu não sei Orar?

Dalai Lama tem meu respeito, pela simplicidade e sabedoria de suas palavras. Buda tem meu respeito pelo amor com que nos ensinou a todos nós. Não, não sou budista.

Frequentei uma célula e uma igreja evangélicas da comunidade Sara Nossa Terra, fui na Bola de Neve, tinha coisas que realmente eu gostava, mas não, eu não sou evangélica.
Por muitos anos, vi uma Igreja Católica ranzinza, impositiva, antipática. Fui batizada, como toda criança brasileira antigamente, eu acho, fiz primeira comunhão aos 11 anos, porque dali já havia começado minha caminhada, porém não concordava com aquilo, não fazia sentido. Me emociono com histórias de Jesus Cristo, Joana D'Arc e São Francisco de Assis, suas histórias como seres humanos iluminados, convictos de sua fé. Hoje vejo um Papa que está tentando colocar simplicidade num lugar onde sempre houve cobiça e corrupção. Mas não, não sou católica.
Já fui na Seara Bendita, ouvi lindas palestras sobre amor, fé, passei por passes maravilhosos. Mas não, não sou Kardecista.
Já frequentei Bruxaria Tradicional Celta e Wicca, mas certos comportamentos me afastaram dos grupos.
Frequento a Umbanda e respeito seus preceitos, seus guias e seus mentores. Bato  minha cabeça num terreiro a qual chamo de Casa.

Quem sou eu no meio disso tudo?
Sou uma mulher que crê numa dualidade divina, em guardiões espirituais, em senhores dos elementos.
Sou bruxa? Sou espiritualista? Não sei.
Sou crente, no sentido de crer. Eu creio no divino, não me importa qual nome leva. Para mim, chamo de Mãe. Ísis, Maria, Bast, Yemanja, não importa, é Mãe. Chamo de Pai. Jave, Osíris, Zeus, Oxalá, que importa?
Todos os Deuses são Um, todas as Deusas são Uma. Não, não são os menos, Maria não é Ísis, mas são facetas, maneiras de como a Mãe aparece. Jave não é Zeus, mas ambos são facetas, como vários lados de um diamante lapidado.
Quem somos nós, querendo impor o Nome que nos convém, como sendo a Única Fonte de Verdade?
Enquanto formos mesquinhos nesse nível, enquanto colocarmos nomes nas nossas maneiras de honrar o sagrado, ao invés de simplesmente agradecer e ouvir nossa própria divindade, que reconhece a conexão com o Todo, enquanto nos preocuparmos mais com o Instrumento Mensageiro e deixarmos de lado a Mensagem, como podemos dizer que somos os conhecedores da Verdade?